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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Sobre a experiência de doutoramento em Portugal

Na última quarta-feira, 01, a professora do Centro Universitário Franciscano, Maria Cristina Tonetto,  Kita, como é conhecida na instituição, participou de uma coletiva com os alunos de Jornalismo Especializado II, para compartilhar das suas experiências de doutoramento em Portugal.
Conversa descontraída sobre processo de construção de uma tese.
A UBI (Universidade da Beira Interior) é o local escolhido pela doutoranda em Ciências da Comunicação,tendo como orientadores os professores Luis Nogueira, da UBI, e Miriam de Souza Rossini, da UFRGS. Kita explica que em Portugal não há doutoramento em Cinema - somente mestrado. No entanto, tanto como a comunicação, o cinema e o jornalismo são áreas muito ricas, o que permite ter várias linhas de pesquisa para trabalhar. "Já trabalhei em várias frentes na minha profissão. Já fui repórter de televisão, já trabalhei em assessoria de comunicação e já fiz produção audiovisual. No Cinema também existem várias linhas,depende do que queremos estudar", explica. 
Maria Cristina enfatiza que o pesquisador deve estar aberto para mudanças. "Quando saí daqui pensei em estudar a representação da mulher trabalhadora no cinema  português. Ao chegar lá, vi que a UBI é muito forte na área de online, inclusive eles tem uma parceira com a UFBA (Universidade Federal da Bahia) que trabalha com esse tema. Então,  adaptei minha pesquisa para estudar algo que trouxesse retorno para a academia", explica Kita que pretende retornar às aulas assim que defender  tese. Para ela, não adianta pesquisar algo que não pudesse ser aproveitado nas aulas. Além disso, percebeu que o cinema toma novos rumos, novos tipos de circulação e de visionamento. O foco de sua pesquisa é Cinema e Redes Sociais, neste caso, o youtube.
Para a professora, confiança no orientador é fundamental, ainda que o doutoramento seja um processo solitário. Ela conheceu o professor Luis Nogueira quando ele deu aula de especialização em cinema no Brasil. "Aqui quando a gente vai para o doutorado temos que ter um pré-projeto pronto. Em Portugal, não apresentamos pré-projeto. Apresentamos uma proposta que deve ter o máximo uma página e meia", revela a professora que mudou o projeto antes da apresentação. "Ora já tinha algo parecido, ora o orientador não gostava", relata.

Do Jornalismo em Portugal

Maria Cristina Tonetto
Maria Cristina lembra que Portugal é um país pequeno que diminui a cada ano devido à emigração dos profissionais, principalmente para França e Inglaterra. Não há tantos jornais impressos no país lusitano como existem no Brasil. Além disso, a maioria não circula todos os dias e as editorias não são tão marcadas como aqui. "Uma das maiores editorias é a de futebol, a qual gira em torno do jogador Cristiano Ronaldo, mesmo que ele jogue na Espanha", declara. Conta que também o telejornalismo português é totalmente diferente daqui e que algumas emissoras repetem o mesmo telejornal às 7, às 8 e às 9 horas e usam imagens do youtube. "Percebi que lá não se tem um cuidado com a apresentação do repórter ou do âncora. Estes ficam muito à vontade em frente às câmeras. Usam até óculos de sol espelhados e outros acessórios. Da mesma forma, não há um critério de seleção de notícias mais apurado", admira-se. 
Kita enfatiza que nos telejornais de Portugal os apresentadores são mais experientes e que há um cientista político que comenta as notícias com o âncora, o qual opina em todas as matérias. Os programas de notícias seguem a linha editorial da emissora, mas os participantes podem transmitir suas opiniões ao vivo. "O texto no Brasil é mais elaborado. Além disso, a formação acadêmica do jornalista aqui é bem melhor, porque os alunos tem a experiência prática já na faculdade. Nossos alunos são mais preparados para o mercado", reconhece.

E na Academia?

Em Portugal o conceito de universidade pública é diferente, pois todos os universitários pagam para estudar.  “Assim como no Brasil, os portugueses são exigentes em relação à pesquisa, porém são mais flexíveis. Para nós ainda é mais puxado, mais exigido, pois temos que revalidar nosso diploma aqui”, explica a professora que diz sentir-se uma estrangeira em terras alheias, sentimento explicitado pelos portugueses.
A professora fica no Brasil mais uns dias para a pesquisa de campo. Nesta semana, ela segue para Goiás, Brasília e São Paulo onde será assistida por docentes destes estados. “Portugal não estava nos meus planos, mas me encantei com os lusitanos e com a oportunidade de conhecer outra cultura e assim, olhar o cinema com outro olhar”, finaliza. Kita pretende voltar a lecionar no Centro Universitário Franciscano no primeiro semestre de 2017.

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